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TUDO SOBRE O FIM DO CLUBE TAMOIO

Por Rua Jornalismo
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Todos fomos pegos de surpresa, quando ontem Oficiais de Justiça do Trabalho fecharam o Tamoio Futebol Clube para os sócios, por um Mandado de Imissão de Posse expedido pelo juiz da 2ª Vara do Trabalho de São Gonçalo, Fabiano Fernandes Luzes, em favor de Ronaldo Luiz de Moraes, conhecido empresário da noite, com fins da total ocupação do clube em São Gonçalo. Ronaldo arrematou tudo no valor de dois milhões de reais em leilão realizado em 4 de novembro de 2015, autorizado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para pagamentos de dívidas trabalhistas.
A ação foi impetrada em 2004 por Renata Bertin Pimentel, ex-funcionária do Clube Tamoio, alegando dívidas trabalhistas avaliadas em R $1.518.647,33. Renata pertenceu ao quadro de funcionários da instituição na gestão do presidente Silvinho, permanecendo durante 20 anos. Em sua alegação, ela diz que o clube, durante esse período, não lhe pagou o salário descrito em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social. 
“Isso não tem fundamento algum. Como pode uma pessoa trabalhar numa empresa durante vinte anos e não receber salário. Isso é contraditório demais”, disse um dos advogados do Clube deixando a entender um golpe da funcionária, possivelmente  premedidato pelo falecido Silvinho. 
Nesse momento um monte de fotos e pseudos movimentos acontecem nas Redes Sociais, pelo retorno do patrimônio ao Clube. Mas cadê esses sócios quando elegeram durante vários mandatos picaretas, e se omitiram da vida social do Clube. E porque só agora todos ficamos sabendo desse processo e o risco eminente. A atual diretoria lutou até as últimas instâncias, mas porquê não levou a público para uma mobilização, que hoje seria enorme dentro da cidade. A omissão do perigo teve um triste resultado… 
Em valores imobiliários, o local onde o clube está localizado é alvo constante de especulação imobiliárias uma vez estar encravado em endereço privilegiado, especula-se 50 milhões, e não há necessidade de ser um especialista em imóveis para saber que 2 milhões de reais é infinitamente ínfimo, se comparado ao valor de mercado. Mas a culpa não é do empresário que arrematou, e sim da Justiça que não considerou o prejuízo dado ao Clube Tamoio, e seus associados. Poderia ser um empresário do Acre, Ceará que arrematasse, alguém iria fazer isso…. Os culpados são os presidentes que sucederam Jair Marinho. 
Vale ressaltar que a Lei 74/2017, tornou o Clube Tamoio um patrimônio histórico gonçalense. Aos quais o atual proprietário irá questionar judicialmente, pois já havia comprado o patrimônio antes da Lei, portanto, considera uma manipulação. O proprietário ainda não sabe que destino dará ao terreno.
UM POUCO DA HISTÓRIA DO TAMOIO
O clube, fundado em 1917, abria o carnaval brasileiro, na sexta-feira, transmitido ao vivo pela TV Globo e, depois, pela TV Manchete, onde abrigava em seus tempos áureos o desfile de fantasias. O ginásio era a passarela por onde desfilavam personalidades como Clóvis Bornay, Mauro Rosas, Wilza Carla, Evandro Castro Lima, Flávio Rocha, entre outros. Atualmente funcionava em sua estrutura diversas atividades oferecidas gratuitamente aos gonçalenses, pelo Projeto Se Liga e o Vida Saudável, que disponibilizam diversas modalidades esportivas que, sem a estrutura física existente, certamente deixarão de existir. A ex-sede tem aproximadamente 8.760 mil metros quadrados com três piscinas, uma gigante quadra e diversos outras salas e salões. O estacionamento e a área do campo não foram incluídas no leilão, portando, é o que sobrou e onde agora se resume o Clube.
 Jair Marinho foi uma unanimidade quando se trata da administração do Tamoio Futebol Clube. Apaixonado pelo que fazia e pelo que se propunha, durante anos esteve à frente da entidade e manteve com pulso forte a tradição de um espaço onde circulava a elite gonçalense. Após seu falecimento, o clube começou a declinar, e o que era um espaço frequentado por todos, deu lugar ao vandalismo e a vulgaridade na era Silvinho, que foi o ápice da decadência e da corrupção. Transações ilícitas levaram o clube à bancarrota e ao declínio total. A dilapidação passava pelo escambo de engradados de cervejas e mulheres famigeradas. A partir daí os sucessores presidentes do Tamoio seguiram mercenários ganhando dinheiro com o patrimônio do Clube, e para isso afastaram os sócios verdadeiros, e começaram a usar o espaço como particular,  numa trajetória que culminou hoje, no dia 21 de outubro de 2021, com a derrubada de seu prédio e a queda de uma história. Sob seus escombros, no entanto, permanecerão sua tradição e todos os inescrupulosos envolvidos.
O golpe que culminou no leilão já havia sido denunciado por um ex-vice Presidente da instituição, José Carlos Sant’ana ao Ministério Público. Ele denunciou que cerca de 200 ações trabalhistas movidas contra o Tamoio podem revelar uma fraude milionária – que terminou com o seu assassinato aos 61 anos de idade, no dia 3 de março 2011– e selar o fim de um dos clubes mais tradicionais do Estado.

Tivemos acesso ao dossiê entregue por Sant´anna ao Ministério Público, que contém denúncias de irregularidades cometidas por diferentes administrações do clube até então. O documento, com mais de 1 mil páginas, expõe desde desvios de verbas, com o uso do chamado “Caixa 2”, a um sofisticado esquema de não contestação das ações trabalhistas contra a entidade, que propõem, inclusive, a penhora e o leilão das dependências do clube. O objetivo da “máfia” que se instalou no Tamoio até a morte de Sant’ana era arrematar as propriedades do clube por valores abaixo do mercado – através de compradores “laranjas” – e dividir parte do dinheiro entre os envolvidos na trama.

Por trás do interesse no terreno avaliado em R$ 40 milhões, estaria a ambição de construir um shopping center na sede do clube. Segundo as investigações, a descoberta feita por Sant´anna foi o estopim para determinar sua morte. Mas que as penhoras efetivadas pelo Tribunal Regional do Trabalho, mais do que um prejuízo,  Santana deixa claro em sua denuncia que tinha medo da extinção do Clube.

O dossiê feito por Sant´anna, encaminhado aos ministérios públicos Estadual, Federal e do Trabalho, impressionou os agentes na época pelo detalhamento das irregularidades praticadas no clube, e a complexidade das fraudes praticadas por integrantes da entidade. Mas nada de efetivo foi feito pela justiça. Talvez pelo dôssie também falar detalhadamente, que um bingo clandestino funcionava no local em parceria extr-oficial com as gestões até então. O que pode ter incomodado muitas autoridades policiais coniventes e associadas, levando o assassinado ao esquecimento. 

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