
Pansera assume Codemar, adversário registra ameaça de morte, e o PT Caxias afunda de vez na lama eleitoral
Ao passo em que Celso Pansera assumia a presidência da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), empresa pública com orçamento superior a meio bilhão de reais, seu grupo político em Duque de Caxias ganhou um registro de ocorrência na 59ª Delegacia de Polícia da cidade. Adversário político do ex-deputado e candidato à Presidência do Partido dos Trabalhadores (PT) na cidade, Bruno Leonardo — apoiado por André Ceciliano, adversário de Quaquá na disputa do Processo de Eleição Direta (PED) —, registrou uma ameaça de morte que sofreu por parte do grupo de Pansera.
O caso registrado aconteceu, na quinta-feira (05/06), na saída do debate entre os candidatos à presidência do PT Duque de Caxias, no Comitê Popular de Lutas. Segundo o boletim de ocorrência, o filiado Robson Gaiotte, da base de Pansera da região de Saracuruna, abordou o candidato Bruno Leonardo de forma agressiva e lançou: “Você vai cair, você vai cair.”
Para Bruno, a frase não foi figura de linguagem: segundo ele, “cair” é gíria local para morrer. A ameaça ocorreu após o candidato denunciar, durante o debate, o uso de dinheiro para turbinar filiações e cooptar votos no PED do PT — uma prática que, segundo ele, vem sendo operada pelo grupo político de Pansera e Quaquá.
Na fala, Bruno Leonardo disse que “Custava a crer que houvesse um grupo político oferecendo R$ 200 por filiado.”
A reação veio em forma de tumulto, empurra-empurra e gritos, com militantes do grupo de Pansera interrompendo o debate. Bruno Leonardo, ao responder uma pergunta da candidata de Pansera, Rute Alves, sobre formação política, foi direto:
“No nosso jargão, garrafinha é aquele filiado a toque de caixa que é levado para votar.”
Na reportagem publicada ontem pelo Última Hora Online, o “debate” trouxe ainda a possibilidade de que o mimo financeiro seria repetido no dia da votação, marcada para 6 de julho.

No meio do caos, Celso Pansera não apareceu no debate, mas seus tentáculos estavam por toda parte. E nesta mesma sexta-feira (06), ele ressurgiu em Maricá, após ser gentilmente convidado a se retirar da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), como presidente da Codemar. Para quem não lembra foi na mesma cidade que ele comandou por três anos o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá, onde montou, segundo denúncias, um esquema de funcionários fantasmas, contratos milionários e favores a seus familiares, amigos e aliados políticos de Caxias.
Única voz na Câmara Municipal a efetivamente criticar e fiscalizar o governo, o vereador Ricardinho Netuno (PL), líder da oposição em Maricá, deu as “boas-vindas” — com recibo completo:
“Celso Pansera de volta à cena do crime, agora com meio bilhão de reais em suas mãos. O mesmo que fez mestrado às nossas custas, com bolsa paga pelo povo, que colocou a mulher, a família da mulher, que alugou um prédio caindo aos pedaços no Centro por mais de R$ 1 milhão, que contratou sua sócia Suzi Clementino por mais de R$ 8 milhões no ICTIM. Pansera foi presenteado por Quaquá, com a Codemar, uma empresa pública com mais de meio bilhão de orçamento. Estou enviando um recado a você, Celso Pansera: eu vou fiscalizar cada centavo gasto pela Codemar. Pode anotar! O tempo da sua farra em Maricá vai acabar.”
Veja o pronunciamento de Netuno: https://www.instagram.com/reel/DKkqgtABjKo/?igsh=MXgxbGt0eXJoNHY3dA==
Todas as denúncias revisitadas por Netuno foram noticiadas com documentos e fotos que comprovam a veracidade das informações: https://www.ultimahoraonline.com.br/noticia/quaqua-troca-aloprado-por-pau-mandado-no-comando-da-codemar
Mas para o prefeito Quaquá, está tudo certo:
“Trabalhamos no Rio para que o PT se aproxime das favelas e comunidades, para que o partido volte a ser um partido de massas.”
Em Caxias, a eleição interna, além de Bruno Leonardo e Rute Alves, tem também Manoel Ramos da Silva, o “Black do PT”, que conta com o apoio de Aluízio Júnior (dirigente sindical da Casa da Moeda) e da atual presidente Aline Rangel — ferrenha adversária de Pansera desde que o acusou de misoginia, ao tentar emplacar aliança com o bolsonarista Washington Reis.
O embate histórico foi registrado em carta publicada pelo PT Nacional:
O PED do PT ocorre no dia 6 de julho. E se depender dos sinais, o que está em jogo não é só a presidência de um diretório municipal, mas o futuro de uma legenda dividida entre a militância de verdade — e o velho método: filiação, favores, cargo e silêncio.